Capítulo 143

- Oh, meu amor, ainda está acordada ? – Ele se aproximou e tentou me beijar, senti um cheiro terrível de bebida. 

- Você bebeu, Luan ?

- Só um pouco, amor ...

- Como assim, você saiu sem me falar e ainda me chega em casa, nesse estado ? – O segurava pelos ombros, tentando o afastar de mim. 

- Vamos lá para o quarto, vai. – Olhei para ele e subi as escadas o puxando, ele tropeçava nos próprios pés. 

O joguei de baixo do chuveiro gelado de roupa mesmo e ele pareceu despertar um pouco.

- Essa porra ta congelada, Juliana !

- Pra você aprender.

- Eu não fiz nada .

- Você é um santo, Luan. – O empurrava novamente para dentro do chuveiro, enquanto ele tentava sair. 

Fui até o quarto quando desliguei o chuveiro e peguei uma cueca e uma camiseta, joguei em cima dele assim que entrei no banheiro de novo.

- Se veste. – Fui saindo e olhei para trás, ele tentava tirar a blusa, cambaleou e se escorou na pia. Revirei os olhos e fui até ele. 

Tirei sua blusa, sua calça e seu tênis que ainda estava em seus pés, tirei também seu relógio que tinha molhado todo, assim como seus acessórios. O sequei e vesti primeiro sua camiseta, tirei sua cueca e tive que o vesti a outra, enquanto ele se apoiava em mim. O levei até a cama e o joguei nela, que do jeito que caiu ficou e dormiu.

Acordei no outro dia com um gemido do meu lado, me virei e vi Luan se sentando na cama, uma mão esfregava os olhos e a outra estava em sua cabeça.

- Minha cabeça ... – Ele reclamava. 

- Está doendo ? Ótimo !

- Credo, Juliana. Pega um remédio pra mim lá.

- Pegar remédio, né ? Pois saiba que esse é a ultima vez que sou babá de marmanjo, já basta meus filhos que eu tenho que cuidar. – Me levantei da cama. – Que afinal, não me dão nem um terço do trabalho, que você me deu essa noite. - Peguei um remédio para ele e um copo com água, ele bebeu a água toda e tomou seu remédio, voltando a se deitar.

- Porra, Juliana. Você molhou meus negócios tudos. – Ele disse quando viu tudo em cima do criado mudo, seu relógio não funcionava. 

- (risos) Ainda fiz muito por você, deveria ter te deixado dormir no sofá, bêbado pra aprender. – Estava deitada ao seu lado, assistindo televisão. 

Luan se calou e olhou para a tv, ficamos assistindo em silêncio, vi que Luan me olhava às vezes e desviava o olhar, quando eu o olhava.

- Me desculpa ? – Ele disse baixo. 

- Hãn ? - Eu tinha ouvido.

- Me desculpa, Ju ! – Ele suspirou. – Eu te amo demais, por isso tenho ciúmes e com isso fico louco, decidi ir esfriar a cabeça e os meninos estavam na balada e me chamaram.

- Agora você pensa, é ?

- Desculpa, vai ...

- Você só pensa em desculpa ?

- É o que eu posso fazer.

- E pode também, parar com isso. Você não é mais criança, Luan.

- Claro que não, mas eu perco a cabeça às vezes.

Fiquei em silêncio, logo me levantei e tomei um banho. Desci até a cozinha e Arthur comia, fui até o quarto de Helena que ainda dormia.

Passei o resto do dia deitada no meu quarto, Luan tomou conta das crianças, já estava cansada. Por mais que quisesse, ainda sim não conseguia o perdoar completamente. Meu celular tocou, me tirando dos pensamentos.

- Filha ?

- Mãe ? Quanto tempo. – Sorri, estava precisando de um conselho de mãe. 

- Não é ? Você não me liga mais ...

- Exagero, mãe.

- O que foi, em ? Estou te sentindo diferente.

- Ah mãe ! – Suspirei. – Você lê meus pensamentos, sabia ? Estava mesmo precisando de um conselho seu.

- O que foi, meu amor ?

- Eu e Luan brigamos, por bobeira. Só porque encontrei o Matheus em um shopping e almoçamos, só que ele estava com sua noiva.

- Ele vai se casar ?

- Tudo indica que sim ...

- Que bom ! Ele merece, é um menino de ouro.

- É sim.

- Ainda está brigada com Luan ?

- Estou. Acredita que por isso, ele tomou um porre ontem ? E adivinha, pra quem que sobrou o encosto ?

- (risos) Sofreu então, Juliana ?

- Não ri mãe, é sério. Passei aperto com ele, até roupa do lindo, eu troquei.

- É assim mesmo, cada casamento é um caso e acredite que todos não são fáceis. Isso é só uma fase, vocês ainda são recém casados praticamente.

- Tomara ! – Suspirei. 

- Olha filha, não sei se ajuda, mas eu tenho uma sugestão pra você esfriar a cabeça e deixar ele esfriar a dele. Pelo que percebi, está bem chateada mesmo.

- Estou muito magoada, mãe. Pode falar, que seus conselhos são sempre os melhores.

- Então, eu vou para um congresso semana que vem, para a Bolívia. Não quer ir comigo ?

- Sério, mãe ? Vai sozinha ?

- Vou sim.

- Ah então acho que vou, tudo que eu preciso.

- Faz isso, filha.

- Vou levar as crianças, ta ?

- Claro, meu amor. Estou morrendo de saudades deles !

- (risos) Te amo, mãe. Obrigada por tudo !

- Eu que amo você, minha filha e não faço mais que minha obrigação.

Me despedi dela e resolvi que iria fazer essa viagem. Desci até a sala, Luan e as crianças continuavam lá.

- Luan ? – Ele me olhou e vi um sorriso em seus lábios. – Eu decidi uma coisa.

- Que coisa ?

- Eu vou viajar !

- Hãn ? – Seu sorriso se desfez. 

- Calma, ta ? Eu só vou viajar, não quero me separar.

- Ta doida ? Nem pensa nisso. – Ele se levantou do chão, que estava sentado. 

- Mas eu quero esfriar a cabeça.

- Não precisa disso tudo. – Ele encarou o chão, com as mãos no bolso. 

- Precisa sim, Luan. Me entenda, por favor?

- Para onde você vai ?

- Bolívia, com a minha mãe.

- Hãn ? Bolívia ? Para que tão longe, Juliana ?

- É porque minha mãe vai ter que ir pra lá a trabalho.

- Na boa, isso já é exagero. Para de fazer doce !

- Eu estou fazendo doce ? – O olhei indignada. 

- Está !

- Não quero discuti com você, mais ainda.

- Nem eu. – Ele passou por mim e subiu as escadas correndo. 

Me joguei no sofá com as mãos na cabeça, enquanto Arthur me olhava.