Capítulo 41

                                                       { Três meses depois }

Estávamos em abril, não andava muito bem, acho que por causa da rotina que levava. Estudava dobrado, fazia um estágio no hospital e ainda tinha a academia, continuava praticando boxe. Luan e eu nos víamos pouco, mais sempre ele abria um espaço em sua agente lotada para me ver. O que gerou brigas, por ele dizer que sempre ele que tinha que tirar um espaço e ir me visitar, que eu nunca podia ir vê-lo.

Não deixa de ser mentira, mas o tempo realmente não deixa e não posso sair desmarcando todas as minhas coisas, quero realizar meu sonho de me formar e para isso tenho que estudar. Também já faz um bom tempo que não vejo meus pais, nem para baladas não saio mais, minha mãe liga todos os dias preocupada.

Passei o meu aniversário passando mal, Luan estava fazendo turnê e estávamos brigados, mais do mesmo jeito me ligou e me desejou parabéns, no outro dia chegou flores junto com um conjunto de jóias lindo, chorei e liguei para agradecê-lo, o que ele estranhou por eu não gostar de chorar na frente de ninguém e muito menos a toa, até eu estava me estranhando.

Maria fez um bolo e Maísa foi para minha casa, passamos a tarde juntas, meu celular não parava. Comeu o bolo sozinha, não conseguia nem ver comida na minha frente, minha mãe me ligou chorando por passar meu aniversário longe dela, o que me fez chorar também, não falei que estava passando mal, para não preocupá-los mais ainda.

Aniversário de Luan, só deu para ele passar na minha casa, nos vimos e matamos a saudade, como sempre fazíamos. Vi que ficou um pouco chateado, por eu não poder ir ficar com ele em seu aniversário, mais realmente não podia, pedi mil desculpas e prometi que depois o recompensaria. Reconheço que estava realmente em falta com Luan, mais não dava de verdade, mais um motivo para me formar logo e ter mais tempo para nós dois. Luan foi embora e parece que era até algo com ele, voltei a passar mal de novo, deveria ser o psicológico, saudades.

Estava em casa deitada no sofá à tarde, com meu mal estar de sempre e não conseguia comer nada.

- Querida, você tem que ir ao médico. – Maria disse pela quinta vez, preocupada.

- Está tudo bem, Ma.- Tentei sorri. – Já melhorou.

- Não pode ficar assim minha filha, você vai se formar em médica e sabe que não pode fugir dos médicos.

- (risos) Todo médico é teimoso. Juro que se não ficar bem até amanhã, eu vou.

- Ótimo! Se não vou ter que ligar para sua mãe. – Fiz careta – (risos) Vou preparar uma sopa para você.

Fiquei vendo tv e depois tentei comer a sopa que Maria tinha feito.

Levantei no outro dia zonza e decidi não ir na faculdade, me sentei na mesa para tomar café.

- Melhorou ? – Maria perguntou, colocando um pouco de café na minha xícara.

- Não ... E eu não gosto de café. – Fiz careta.

- Eu sei, mais toma pra vê se melhora um pouco. – Fiz o que ela disse quando o levei em direção a boca, saí em direção do banheiro.

- Não melhorou não. - Ri.

- Vamos para o médico Jú, ou então eu ligo para os seus pais.

- Ta bom Maria, não precisa ligar e nem ir comigo, eu vou rápido. – Sorri e corri para o quarto.

Me troquei, peguei meus óculos e minha bolsa.

- Já volto, tá ?

- Está bem, cuidado viu.

- Tudo bem, beijos.

Fui para o hospital que eu estava fazendo estágio, conhecia praticamente todos os médicos e eram de confiança.

Fui até a recepcionista que me conhecia e implorei por uma hora, ela conseguiu me encaixar e pediu para aguarda um pouco.

- O que trás essa ilustre doutora aqui ? – Guilherme, médico geral do hospital, sempre brincalhão, disse assim que entrei.

- Futura doutora, Guilherme. - Ri. - Então... Eu estou com algumas coisas.  – Fiz careta.

- Vamos lá então. O que exatamente ? – Ele pegou sua caneta.

- Já tem quase um mês na verdade, to passando mal direto, mal estar, fico com fome e quando vou comer, eu coloco tudo para fora. 

- Um mês e só me procura agora ?

- Pois é ... - Ri sem graça.

- Errado viu moça!

Continuei falando e ele anotando, me examinou e disse que já tinha uma leve idéia do que poderia ser, ele era um ótimo médico, apesar de novo. Me passou vários exames.

- Quando esses exames sair, trás aqui pra mim o mais rápido possível e dependendo do resultado, eu vou te passar para outro médico. – Me assustei.

- Outro médico ? To começando a ficar com medo. É algo grave ?

- (risos) Não precisa, não é nada grave. Quero ter certeza, então trate de fazer esses exames rápido e trazer pra mim rápido também. – Ele se levantou.

- Pode deixar, mas não vai me receita algum remédio ? – Me levantei também.

- Não, se for o que estou pensando, ainda vai sentir muito esses sintomas. – Ele sorriu e eu arregalei os olhos.

Me despedi dele e já fui marcar meus exames que faziam lá mesmo, por sorte uma pessoa tinha desistido e a secretária me encaixou no lugar dela, agradeci e me sentei novamente para esperar minha vez.

Fiz todos o exames e por sorte e não ter conseguido comer nada, fiz o exame de sangue.

Falei com Maria o que o médico me disse e ela me falou que não agüentou e ligou para minha mãe, não precisava. Me deitei na cama e liguei a tv, meu celular tocou e eu atendi sem ver quem er .

- Filha ?

- Oi, mãe.

- Tudo bem ? Maria me contou, não me esconde nada, por favor. – Ela já estava nervosa.

- (risos) Calma mãe, não é nada demais, já fui ao médico e fiz os exames, amanhã mesmo volto lá.

- Então ta bom, me liga quando souber o que é e não vai para faculdade amanhã.

- Vou sim mãe, já faltei hoje.

- Não vai e me respeita Juliana, já não sabe o quanto é ruim ficar longe de você e não poder cuidar de você. – Ela já queria chorar.

- Mãe! Ôh mãe ... Então tá eu não vou, não chora.

- Então ta.

- Eu te ligo, prometo! Vou no hospital de manhã então.

- Ta bom, qualquer coisa eu vou ficar com você.

- Não precisa.

- Se eu ver que precisa eu vou e pronto, quero te examinar também.

- (risos) Ai mãe ...

- Nada de "ai mãe", eu quero ver com os meus próprios olhos.

Ri com minha mãe e continuamos conversando, peguei no sono com ela no celular ainda.

Acordei no outro dia e estava mais disposta, me troquei e já fui direto para o hospital. Maria me fez levar pelo menos uma maça, para comer no caminho.

Cheguei e ainda estava vazio, me sentei e Guilherme chegou e já me chamou para entrar.

- Mais a curiosidade ta te matando mesmo em doutora Jú, chegou primeiro que eu. - Ele riu.

- (risos) Pois é, Guilherme.

- Vamos ver então 

Ele ligou pra sua secretária que logo trouxe os exames, comecei a roer as unhas enquanto ele lia os papeis e ria de mim.

- Era isso mesmo que eu estava pensando, sou muito bom!

- (risos) Nossa Guilherme ... Agora fala logo. – Quase gritei.